BIOGRAFIA - FONTE WIKIPEDIA.
Sula nasceu numa família empobrecida da aristocracia romana, os patrícios Cornelii. Os seus primeiros anos foram passados na obscuridade e só conseguiu fundos para ingressar no Senado Romano, através de duas heranças, que Plutarco na sua biografia considera suspeitas. Sulla foi questor ao serviço de Caio Mário na campanha da Numídia e destacou-se sobre o seu comando ao capturar o rei Jugurta. Sulla continuou sob o comando de Mário na campanha contra as tribos germânicas que terminou com sucesso em 101 a.C.. Depois disso tentou progredir na sua carreira
política mas falhou devido a um caso escandaloso com Cecília Dalmática, mulher de Marco Emílio Escauro, o político mais poderoso de então.
Em 99 a.C., ele tenta ser eleito pretor, mas não consegue, se elegendo então edil, durante este mandato, realizou as primeiras lutas de leões nos anfiteatros de Roma, ganhando prestígio. Com a sua sorte mudada, em 94 a.C. é eleito pretor urbano e subsequentemente governador da Cilícia na Ásia. No regresso a Roma, distingue-se como general nas Guerras Sociais (91 - 88 a.C.) e é eleito cônsul no fim deste conflito, graças às vitórias alcançadas.
Durante o consulado, Sula obteve o comando principal na Primeira Guerra Mitridática (contra Mitrídates VI do Ponto), que acabava de começar. Mas o seu antigo aliado Caio Mário manobrou politicamente e retirou-lhe o comando através do suborno de um tribuno da plebe. Sula não se deixou ficar e tomou a decisão de invadir Roma com o seu exército. Nesta altura, era considerado sacrilégio para um exército atravessar o pomerium, a fronteira simbólica da cidade. A sua atitude foi tão grave e inédita, que Sula nem repreendeu alguns dos seus legados que se recusaram a embarcar na aventura. Talvez devido ao efeito surpresa, Sula conquistou Roma e conseguiu assegurar o seu comando. No ano seguinte, partiu para o Oriente e deixou Roma nas mãos de dois cônsules, um aristocrata, Cneu Otávio e um plebeu, Cornélio Cina, que após sua partida, guerrearam entre si, criando uma guerra civil, que fez com que Mário voltasse da África, onde se refugiara, a Roma e se unisse a Cina. Os revoltosos de Cina pilharam e saquearam a cidade em demasia, obrigando-o a restabelecer a ordem por meio de um exército de gauleses, morrendo Mário nesta revolta.
Aparentemente indiferente à devastação política que se vivia em Roma, Sula arrecadou inúmeras vitórias contra Mitrídates, que se aliara a Atenas. Em 82 a.C. regressa a Itália para encontrar um exército à sua espera. Na breve guerra civil que se seguiu, a qualidade dos veteranos das suas legiões provou ser decisiva. Sula invade Roma uma vez mais e em 81 a.C. com a batalha da Porta Colina torna-se ditador romano vitalício. Com essa vitória, ele foi omenageado pelo povo com a construção de uma estátua de bronze e ainda instituiu no calendário, mais uma festa, a da vitória de Sula.
Com Roma na bancarrota, Sula recorreu à proscrição dos seus inimigos políticos para arranjar os fundos necessários às reformas que pretendia realizar. Estas centraram-se essencialmente na concentração do poder no senado e na limitação da actividade legislativa da Assembleia do Povo. Sula foi essencialmente um conservador que se dedicou a eliminar todas as medidas progressistas tomadas nos últimos anos, valorizando a tradição do mos maiorum. Ele perseguiu e matou diversos seguidores de Mário, até mesmo expulsou um grande jovem, sobrinho de Mário (por parte de sua esposa), chamado, Caio Júlio César, que se tornaria o maior nome da história de Roma.
Em 79 a.C., no pico do seu poder, Sulla toma a decisão de abdicar de todos os seus cargos e de se retirar da vida política. Este ato deu origem à expressão abdicação de Sula ou abdicação de Sila, que se refere a uma resolução espontânea e inesperada. Com o objectivo de escrever as suas memórias, das quais sobrevivem alguns excertos, exilou-se na sua villa acompanhado por dançarinos, prostitutas e o seu amante Metróbio. Foi nesta companhia que morreu provavelmente de cirrose, no ano seguinte. Durante os anos subsequentes da República Romana, seu nome sempre foi lembrado como o primeiro transgressor das leis sagradas da República.
AS PRINCIPAIS MUDANÇAS NO GOVERNO DE SILA.
A DITADURA CONSTITUCIONAL
A DITADURA CONSTITUCIONAL
"Dictator est qui dictat"
A constituição dos romanos era tida como sábia pela maioria dos humanistas devido ao fato de, entre outras coisas, tornar uma ditadura algo legal, aceito constitucionalmente. A sua instituição nasceu logo após a queda da Monarquia (provavelmente ocorrida em 510 a.C.,) da necessidade de entregar o poder, ainda que só por seis meses, a um homem de confiança do Senado e da sociedade em geral, para que, dotado de imperium, debelasse o perigo, externo ou interno, que estivesse ameaçando a segurança ou mesmo a sobrevivência da sociedade num determinado momento. Nem a existência dos cônsules (magistrados superiores), nem um colegiado, nem os vetos dos tribunos da plebe, poderia oferecer obstáculos a autoridade dele. Celebrado ditador foi Lúcio Quinto Cincinato, um cidadão comum, um rude fazendeiro respeitado por todos por sua integridade pessoal. No ano de 458 a.C., apesar do povo e das autoridades terem apelado para que ele continuasse no exercício da excepcionalidade, bem antes de vencer o prazo constitucional, corridos apenas 16 dias, Cincinato renunciou ao cargo e as pompas do poder e voltou a arar suas terras. Essa ditadura
com prazo era chamada de ditadura comissarial, para distinguir da outra, implantada por Sila e também adotada por César.
Em síntese o ditador comissarial tinha por função: 1) fazer a guerra (dictadura rei gerendae); 2) ou sufocar uma rebelião interna ( dictadura seditionis sedandae). Se as tarefas não tivessem sido executadas dentro do prazo constitucional, havia a possibilidade dele conseguir uma prorrogação por mais seis meses. A ordem jurídica e as instituições republicanas, entrementes, não podiam ser dissolvidas. Pode-se dizer que os poderes ditatoriais limitavam-se a estabelecer a ordem e implantar a disciplina sobre a sociedade civil em geral, até que o perigo fosse afastado. Hoje, essa ditadura constitucional foi assimilada pela maioria da organizações política existentes como o estatuto do Estado de Sitio.
A DITADURA SOBERANA.
Um novo tipo de ditadura foi implantado por Sila, uma ditadura discricionária (que Carl Schmitt chama de "soberana"), que tornava o ditador virtualmente num tirano. Nada poderia existir de obstáculo entre sua vontade e a sua execução. Todas as instituições poderiam ser suspensas, quando não abolidas. Além do poder de vida e morte, que o ditador comissarial também dispunha, o novo ditador colocava em disponibilidade os bens de quem ele suspeitasse. Tão grande era o seu poder que nem um prazo fixo existia para o término da excepcionalidade. Pela nova ordem era o ditador quem marcava a data da sua renuncia. Sila, por exemplo, depois de ter feito a reforma conservadora, restituindo grande parte das antigas prerrogativas do Senado (que ele ampliou de 300 para 600 integrantes), ao mesmo tempo em que limitou ou suspendeu a participação dos equites (os cavaleiros, uma classe intermediária entre a oligarquia e o povo) e da plebe.
Sila, cansado dos excessos, transferiu o poder aos cônsules no ano de 79 a.C. e, em seguida, retirou-se para sua propriedade em Puteoli, no golfo de Nápoles. Lá, em meio a livros gregos e latinos, dedicou-se a redigir
suas memórias, morrendo no ano seguinte, em 78 a.C., aos 60 anos de idade. O projeto dele era uma volta ao passado, época em que as grande famílias romanas dispunham de uma autoridade inquestionável. E, apesar de ser um homem culto, refinado, e pessoalmente feliz (apelidaram-no de "Félix"), não hesitou em adotar métodos bárbaros, repugnantes, para restaurar o mundo perdido da Oligarquia. De certa forma ele foi uma reedição momentaneamente bem sucedida de Caio Márcio Coriolano, o aristocrata reacionário que rebelou-se contra as conquistas obtidas pelos plebeus em 493 a.C., e que chegou ao ponto de unir-se aos volscos, os inimigos de Roma, afim de fazer derrogar a legislação aprovada a favor do povo. A ditadura de Sila foi um tirania exercida em nome da Oligarquia para preservá-la da possibilidade de
uma tirania popular (representada por Mário e seus seguidores do movimento populista).
Um Forte abraço a todos.
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